O poder de um boato...

Este é um país fabricador de boatos a nível mundial. O meu local de trabalho, é uma pequena amostra, do como podem nascer boatos, de histórias que alguém visionou, alguém muito à frente, que tem uma capacidade analítica muito acima de qualquer cidadão dito normal…e no meu local de trabalho há muitas pessoas com esta capacidade, não sei se é uma concentração de talento por motivos de coincidência, ou se são mesmo sobredotados, e eu sou uma sortuda por me encontrar em tal meio…

Vamos ao que interessa.
Primeira situação: Uma colega está grávida no final do tempo e foi para casa de baixa. Não sabemos de nada sobre ela. Uma colega que trabalha no bar, pergunta sobre ela:”o bebé já nasceu?”, e eu respondo:”acho que não. Ela não me disse nada, por isso acredito que ainda nasceu.” De repente, outro colega que ouviu a conversa, e no alto da sua sapiência diz:”já nasceu sim! A não sei quantas estava a falar sobre isso. Já nasceu!”. Eu pensei para os meus botões:”bolas, sou sempre a última a saber, a minha colega e amiga teve o bebé e nem teve a delicadeza de me dizer nada ”. Quando chego à minha sala, conto aos meus colegas de sala:”Ela já teve o bebé. A não sei quantas disse ao colega sapiente.” A minha colega de sala, à tarde encontra a colega não sei quantas e diz:” ah, já sei que o bebé já nasceu, e pormenores?” E a não sei quantas responde:” O quê? Já nasceu e ninguém me disse nada???”.
História como se passou: o marido da grávida foi ao trabalho buscar objectos pessoais da mesma, e encontrou-se com a não sei quantas. O sapiente, viu o marido a falar com a colega, e achou que por isso o bebé já tinha nascido. Realidade: o bebé nasceu uma semana depois.
Segunda Situação: Também no local de trabalho. Temos uma nova Directora, que apesar de sermos muitos a seu cargo, quer-se encontrar connosco pessoalmente e um-a-um. Mas obviamente isso leva tempo.
Vou à sala de um colega, como todos os dias o faço para o cumprimentar, e ele pergunta-me:”ela já falou contigo???” e eu:”Ela quem???”, e ele insiste:”ela!”, e eu:”mas quem?”, e ele responde:”a nossa chefe”. E eu: “mas porquê, ela andou por aqui?” . (É que o gabinete dela, geograficamente, não se localiza no mesmo edifício onde trabalhamos.) E ele responde:”Sim, o teu chefe até já almoçou com ela e tudo”. E eu para os meus botões:”o quê? O meu chefe almoçou com a Directora e omitiu isso? Não me digas que é tão graxento como a maioria dos meus colegas…que cena, nunca pensei isso dele, e tal e tal…”. Quando ele chegou ao trabalho, comecei a espingardar:”podias ter contado…seu dissimulado, eu já desconfiava que eras dissimulado…” Ou seja, apedrejei-o verbalmente e ele não se defendeu, tipo quase Jesus Cristo. Nem o deixei dizer uma palavra...pareceu-me estar com cara de culpado, não sei se estão a ver...mas como ele é muito gozão... Mais tarde, quando eu já me tinha esquecido do assunto ele disse:”Oh Ana, posso-te contar uma história? É que eu ontém fui almoçar à cantina, e já estava a meio, e apareceu a colega tal e a Directora que se sentou na minha mesa. Mas nunca me foi apresentada nem falou comigo. Só sabia que era a Directora, pois já me tinham dito quem era. Agora é que estou a perceber porque é que quando cheguei os colegas me trataram todos com deferência ahahahahahah”. Explicação: Alguém viu o meu chefe na mesa da Directora e “inferiu” que ele tinha sido convidado para almoçar e já era tu cá tu lá com a Directora…Mas a história que me tinha sido transmitida, é que tinham ido almoçar fora….mais hilariante que isto não consigo encontrar…lolololol
Mas aprendi a lição. Sempre que me contarem uma história sobre alguém, ouvir 1º a história da pessoa em causa, pois aquilo que inventam nada tem em comum com a realidade…que povo este, que não tem mais que nada que fazer, do que observar os outros de forma tendenciosa e a seu bel prazer, e julga, erradamente, pelas aparências…