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sexta-feira, setembro 18, 2009

Homens das Obras

Aqui estou eu mais uma vez para esmiuçar (palavra que está muito em voga, nos últimos dias), um tema, que afecta essencialmente as mulheres, isto porque, creio nunca ter visto, uma “mulher das obras”. Não que esteja a descriminar, mas de facto, nunca vi.

Começo por frisar, que esta profissão tal como todas as outras tem a sua dignidade, e que portanto, tudo o que disser de agora em diante, não quero que seja tomado como um ataque a esta nobre profissão.

Quem, mulher, que passou por uma obra e não recebeu um piropo que levante a mão. Creio que nenhuma responderá afirmativamente.

Os piropos destes indivíduos são ordinários e de extremo mau gosto, e deviam receber queixa nas entidades competentes. Mas, ah e tal, é típico do homem latino fazê-lo…É típico mas não é uma boa tradição. Reparo muitas vezes, que só não mandam piropos, quem é imigrante africano ou de leste. Mas você invoca, ah pois, são imigrantes não se atrevem a fazer o que fazem no seu país, estão aqui para trabalhar. Pois bem, eu refuto. Estive de férias em Bruxelas há um par de anos, e mal saio à rua, vai um condutor de um carro e abranda o carro para me atirar um piropo ordinário. Eu pensei:”até aqui, caramba!”. Pois. Não era uma cidadão belga, era na língua de Camões que recebi o piropo. Emigrante português. Portanto a justificação atrás de quando se é imigrante, não se age da mesma forma que no seu país, cai por terra.

O que é mais ridículo, é qual é o objectivo do piropo? Acham que são muito interessantes por estarem todos sujos da obra, com as mãos enormes inchadas, acham que alguma mulher se vai engraçar com eles? É assim tão mais valia para o sexo oposto o facto de trabalharem nas obras? Não é que tenham que ter vergonha da sua profissão, mas não é propriamente uma grande condecoração da ordem do Infante e também não têm que ficar tão inchados, a ponto de se darem ao direito de incomodar as mulheres que passam. E são tão pouco inteligentes, que ainda não perceberam que o número de mulheres que passam em frente à obra é inversamente proporcional aos “incómodos” que mandam para o ar. Milhares de mulheres, fazem verdadeiras gincanas todos os dias só para os evitar. Se fossem espertos, ficavam caladinhos e apreciavam quem passa, discretamente, e toda a gente ficava feliz.

Há quem refute dizendo:”ah mas vocês gostam!”. Resposta típica de quem é machista, do mesmo gabarito dos que falo atrás. Esses não se conseguem pôr no lugar da mãe/mulher/irmã/filha deles porque, se se pusessem, e diariamente fossem incomodados só por que são mulheres, verificariam com espanto, que a descriminação não passa só pela cor da pele, da religião ou da idade. Infelizmente, é-se descriminada todos os dias.

Respostas que se pode dar estes “cavalheiros”:

1. Está aqui na obra para trabalhar ou para ver quem passa?

2. Vai ficar aqui quanto tempo nesta obra? É para saber quanto tempo vou ficar sem passar por este lado da estrada.

3. A sua mãe/mulher/irmã/filha, também passa por aqui?

Meninas, sabem mais alguma resposta?

Haja paciência.

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